País tem que focar na prevenção ou vai quebrar, diz médico

14.05.19


G1, Mariza Tavares

Gilberto Ururahy alerta para o risco do envelhecimento da população sob o peso de doenças crônicas

Em agosto, o médico Gilberto Ururahy lança “Saúde sem surpresa – medicina preventiva em primeiro lugar”, seu quarto livro. Diretor-médico da Med-Rio, empresa que realizou mais de 130 mil check-ups desde a sua criação, em 1990, ele tem quase 30 anos de observação sobre o assunto. Da primeira leva de executivos que se submeteram aos exames, já há gente na casa dos 80 e até 90. Ururahy sabe que seus clientes pertencem a uma pequena parcela privilegiada, com acesso a saúde de qualidade. Por isso mesmo, sua preocupação atual é com as políticas públicas para o setor: “o país tem que focar na prevenção ou simplesmente vai quebrar, porque não conseguirá dar conta de uma população que envelhece sob o peso de doenças crônicas incapacitantes, como hipertensão e diabetes, que afetam a independência e a autonomia das pessoas”.

Gilberto Ururahuy: diretor médico da Med-Rio, empresa que realiza check-ups desde 1990  — Foto: Mariza Tavares

Gilberto Ururahuy: diretor médico da Med-Rio, empresa que realiza check-ups desde 1990 — Foto: Mariza Tavares

Nos Estados Unidos, as doenças crônicas respondem por 75% dos 2.2 trilhões de dólares (quase 9 trilhões de reais) gastos em saúde pública. O impacto na economia está estimado em 1.3 trilhão de dólares (R$ 5.5 trilhões), com expectativa de chegar a 6 trilhões (R$ 24 tri) em 2050. No Brasil, as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 72% das mortes. “Você pode trabalhar e corrigir uma predisposição, porque sabemos que o estilo de vida representa 73% dos fatores que vão garantir a longevidade. Acompanhei pacientes que mudaram totalmente seus hábitos, enquanto outros apenas guardavam os exames. Os resultados do ano seguinte, claro, eram desfavoráveis. Se nada é feito, o cenário metabólico só piora enquanto o risco para AVC, infarto e câncer aumenta”, afirma.

Ele faz uma reflexão sobre o país: “o esforço do governo deveria ser voltado para a prevenção desde a infância. Isso começa com investimento em saneamento e saúde da família. A população consome carboidratos em excesso, desconhece os males dos alimentos ultraprocessados e os rótulos não alertam para a composição dos produtos. Temos que repensar a merenda das escolas e incentivar a atividade física, criando mais ciclovias, áreas de lazer e piscinas públicas. Esse é o tipo de investimento que faria o país economizar bilhões”. Executivos realizam check-ups porque as empresas sabem que aqueles indivíduos são estratégicos – cuidar do seu bem-estar é fundamental porque substitui-los sai caro e nem sempre traz bons resultados. O país também deveria pensar dessa forma em relação a seus cidadãos.




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