Cigarro: Uma bomba química nas praias

11.08.22


Voice of the Oceans

Você sabe a diferença entre contaminação e poluição? Eu não sabia, até entrar em contato com o Professor Dr Ítalo Braga de Castro, biólogo com mestrado e doutorado em Ciências do Mar e vice diretor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo.  

Com ele aprendi que contaminação é a presença maior do que o normal de uma determinada substância em um certo ambiente, enquanto poluição é qualquer substância ou energia que interfere no ambiente quando em contato. E essa informação é importante porque segundo pesquisa da Universidade Federal de São Pauloas praias estão sendo contaminadas por bitucas de cigarro

Uma única bituca é capaz de contaminar o equivalente a uma piscina olímpica de água do oceano.

Repito para você a mesma pergunta que o Professor me fez: O quanto de bitucas de cigarro é considerado normal nas praias? A resposta é simples, ZERO.  

Bitucas de cigarro e seus componentes não são substâncias comuns a esse ambiente e isso faz delas grandes vilãs para o bioma. Uma única bituca é capaz de contaminar o equivalente a uma piscina olímpica de água do oceano.  

É importante destacar que não é apenas água salgada contaminada, diversos seres vivos são prejudicados por conta das toxinas do cigarro. Talvez você já tenha visto algumas fotos de aves e outros seres vertebrados ingerindo as bitucas, mas o problema vai muito além deles. 

Em experimento comprovou-se que as substâncias retidas no filtro do cigarro, quando diluídas em água povoada por larvas de ouriço (animais modelo para pesquisa), pode diminuir drásticamente a fertilidade da espécie e, dependendo do nível de diluição, causa a morte desses organismos. Uma curiosidade é que essas bitucas não afetam apenas as superfícies do solo e da água, mas também o fundo dos oceanos, já que depois de 3 dias na água, o cigarro afunda. Ou seja, as substâncias tóxicas da bituca do cigarro chegam às profundezas do mar. 

Talvez você se pergunte como essas substâncias, mesmo em contato com a água, não desaparecem. Os mais técnicos podem até citar substâncias hidrofóbicas. Mas é aqui que o microplástico entra! 

O plástico presente no meio ambiente não se decompõe até desaparecer, na verdade ele degrada em micropartículas, e essas partículas servem como transporte para esses componentes químicos, levando-os ainda mais longe e profundamente, afetando tantos outros organismos importantes para o bioma.  

O problema é grave, bitucas de cigarro representam de 30 a 40 porcento do lixo nas praias de Santos, por exemplo. E não existem políticas públicas direcionadas para recolhimento ou descarte consciente. 

Segundo o Professor Ítalo, campanhas ambientais direcionadas para fumantes, trazendo a consciência ambiental, pode ser o início de uma solução. Não interrompendo o que já temos relacionado a saúde pública, mensagens que foquem também nas consequências ao meio ambiente no descarte irregular desse produto, podem sim mudar as situações das praias.  

Já em nível econômico, a possibilidade de haver logística reversa pode representar um impacto positivo. Desde subsídios das empresas para o recolhimento desse lixo, até pontos de descarte apropriados. Essa estratégia não é nenhuma novidade no Brasil, onde já se aplica isso às pilhas, baterias e embalagens de remédios, por exemplo. Claro que uma política pública desse tipo afetaria o valor do produto, mas não seria nada diferente de países da Europa, ou Estados Unidos, que já cobram um valor elevado pelo maço de cigarro. 

Se você se interessou pelo assunto, no dia 31 de maio (Dia Mundial Sem Tabaco) apoiamos uma ação especial do PNUMA e você pode saber um pouco mais nesse vídeo.

Além de nos acompanhar, siga também alguns grandes parceiros, como a ONG Poiatorecicla que faz um trabalho incrível com limpeza de praias, inclusive já participou de uma grande ação aqui na Voz dos Oceanos, e também fica ligado no concurso de fotografia Bituca é plástico, da ACT.  

https://voiceoftheoceans.com/cigarro-uma-bomba-quimica-nas-praias/




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