Como evitar doenças cardiovasculares apenas com a alimentação

23.09.21


Terra

As doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morte no mundo todo e no Brasil não é diferente. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a estimativa é de que, no país, ocorram mais de mil mortes diárias por algum problema ligado ao coração. O grande problema é que muitos desses óbitos poderiam ser evitados com alguns cuidados na rotina e no estilo de vida das pessoas.

A falta de exercícios físicos, aliada à má alimentação, são os grandes vilões para o bom funcionamento do coração. O estilo de vida acelerado - comum, principalmente, em grandes cidades - com muitas tarefas e pouco tempo para o descanso e o lazer são agravantes do sedentarismo. Para piorar a situação, a pandemia de Covid-19 afastou ainda mais as pessoas de atividades físicas e as aproximou de alimentos industrializados e não muito saudáveis.

Porém, de acordo com o médico nutrólogo e cardiologista Dr. Juliano Burckhardt, membro Titular da SBC e da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), existe uma saída para reverter esse quadro. "Comer alimentos com colesterol provavelmente não tem muita influência em seus níveis de colesterol; mas comer alimentos processados e embalados com o rótulo de baixo teor de gordura tem sido terrível para a nossa saúde", revela.

Para o especialista existem seis regras básicas para manter uma alimentação balanceada e evitar problemas cardiovasculares. Confira:

1 - Ficar atento às individualidades

Basicamente significa que não existe uma receita de bolo exata para todas as pessoas. O que funciona para um indivíduo, não necessariamente vai funcionar para outro. Isso vale não apenas para a alimentação, mas para praticamente todos os aspectos da vida. Por isso é fundamental recorrer a ajuda de um profissional antes de encarar qualquer dieta milagrosa.

"Embora uma pessoa possa ter resultados surpreendentes com uma determinada dieta, isso não significa que você terá os mesmos resultados. E só porque uma dieta não funciona para você, não significa que você falhou - pode apenas significar que a dieta não era certa para você", diz o médico.

2 - A dieta precisa ser gostosa

Não quer dizer que você está liberado para comer tudo que tiver vontade. Mas, apostar em alimentos palatáveis e saborosos vão garantir uma longevidade. A grande sacada, talvez, seja transformar dieta em estilo de vida. Para que isso ocorra, a alimentação não pode ser um martírio, repleto de comidas que não agradam o seu próprio gosto. Fundamental, portanto, conversar com o nutricionista sobre aquilo que você gosta e não gosta de comer.

"Não agimos bem quando nos sentimos privados, e se você está comendo comida de que não gosta, está se preparando para o fracasso. Encontre um estilo de alimentação saudável que você adore e que corresponda ao que você goste. Existem muitas opções saborosas e saudáveis demais para se contentar com alimentos que você não gosta", diz o médico nutrólogo.

3 - Fuja de alimentos processados

Agora, se você não vive sem fast-food, embutidos e biscoitos recheados, será necessária uma reeducação alimentar. Evitar comidas altamente processadas é, talvez, a principal regra para evitar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

"Alimentos altamente processados são os principais contribuintes para a obesidade, diabetes e epidemias de hipertensão. Existem várias definições, mas o que caracterizamos como alimentos processados são aqueles industrializados, geralmente ricos em açúcares, grãos refinados ou ingredientes químicos que realçam o sabor. Cuidado, inclusive, com produtos 'fit', 'light', 'zero' e 'diet', que podem ter menos calorias, mas um maior teor de produtos químicos adicionados", explica o Dr. Burckhardt.

4 - Coma vegetais

Aposto que sua mãe já te mandou fazer isso e, talvez, você não tenha dado muita bola. Pois é, acontece. Mas, seja por conhecimento, extinto, ou qualquer outro motivo, ela estava coberta de razão. "Todo especialista respeitável recomenda que vegetais e folhas devem ser uma grande parte de sua dieta. Isso não significa que você precisa ser vegetariano, mas o simples ato de colocar vegetais na maioria das refeições pode fazer maravilhas pela saúde do seu coração", diz o cardiologista.

5 - Preste atenção nas porções

Não adianta muita coisa substituir um pedaço de pizza por duas pratadas gigantescas de macarrão à bolonhesa. Mesmo comidas teoricamente saudáveis, quando consumidas em porções exageradas, podem comprometer a saúde cardiovascular. "Reduza o ritmo, coma com atenção e sirva as refeições em pratos menores. Inclua fibras, gorduras boas e proteínas magras, pois a digestão é mais lenta. Essas são estratégias comprovadas para diminuir a quantidade de comida sem sentir que está com fome", comenta o Dr. Burckhardt.

6 - Prefira refeições caseiras

Um estudo publicado em março desse ano, pelo Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, apontou que comer fora de casa com frequência pode aumentar significativamente o risco de desenvolver problemas cardiovasculares. Isso, provavelmente, está ligado à falta de controle no preparo e na quantidade de alimentos ingeridos. "Os benefícios de cozinhar o próprio alimento são indiscutíveis. Alimentos de melhor qualidade, custo mais baixo, um vínculo mais forte com os entes queridos e escolhas mais saudáveis são apenas alguns dos benefícios das refeições caseiras", diz o médico.

Bônus

Se você chegou até aqui é porque está realmente interessado em mudar o estilo de vida alimentar. Parabéns! Agora, se você pulou todas as dicas e veio direto para o bônus, fique atento. Essa parte não é a principal. Porém, de acordo com o Dr.Burckhardt a sabedoria e a parcimônia podem ser ótimos ingredientes em uma dieta balanceada. "Pratique a alimentação consciente. Não desanime com o termo. Simplesmente preste atenção enquanto come, saboreie cada mordida e pare quando estiver quase cheio", finaliza o cardiologista.

Por fim, vale ressaltar a importância de realizar um acompanhamento médico periódico, fazer exames rotineiros e ser devidamente avaliado por um bom profissional. Muitas vezes o problema pode ser silencioso e essa se torna a única maneira de prevenção.

Fonte: Dr. Juliano Burckhardt: Médico Nutrólogo e Cardiologista, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal, atuou e atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. O médico tem certificação Internacional pela Harvard Medical School, para tratamento da Obesidade. É diretor médico do V'naia Institute.

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