OMS fixa novos padrões para reduzir consumo de sal

06.05.21


Valor Econômico

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou ontem um novo conjunto de padrões globais para reduzir o consumo de sal em mais de 60 categorias de alimentos, considerando que isso é necessário para salvar vidas. A iniciativa deve elevar a pressão para a indústria alimentícia acelerar a diminuição desse condimento nos produtos.

Segundo a OMS, a maioria das pessoas consome o dobro das cinco gramas de sal recomendadas por dia, correndo risco de doenças cardíacas e derrames que matam cerca de 3 milhões de pessoas por ano. Outras complicações são doença renal, obesidade, gastrite, câncer e doenças hepáticas. O custo para os sistemas de saúde e a economia é elevado.

No Brasil, o consumo nacional médio também é excessivo, de 9,3 gramas por dia ou quase o dobro da recomendação, segundo fontes do governo. Além da adição do sal de cozinha aos alimentos, no preparo e no consumo, muitos produtos industrializados têm quantidades mais altas de sódio (componente do sal relacionado ao risco de hipertensão).

Uma proporção significativa de sódio na dieta vem de alimentos industrializados, como pão, cereais e grãos, carnes processadas e produtos lácteos. Temperos prontos, presuntos, mortadelas, salame, macarrão instantâneo e salgadinhos colaboram para o aumento da ingestão do mineral.

A OMS tem meta para redução de 30% no consumo global de sal/sódio até 2025. No entanto, a constatação é de que o mundo está longe de atingir esse objetivo de saúde pública.

De forma confusa, produtos alimentícios processados similares muitas vezes contêm diferentes quantidades de sódio em diferentes países. As referências mundiais harmonizadas da OMS mostrarão aos países como eles podem reduzir progressivamente suas metas, com base em seus ambientes alimentares locais, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em comunicado.

“A maioria das pessoas não sabe quanto sódio consome, ou os riscos que isso representa”, afirmou. “Precisamos que os países estabeleçam políticas para reduzir a ingestão de sal e fornecer às pessoas as informações de que necessitam para fazer as escolhas alimentares corretas. Também precisamos que a indústria de alimentos e bebidas reduza os níveis de sódio nos alimentos processados.”

Para Tedros, os novos padrões da OMS dão aos países e à indústria um ponto de partida para rever e estabelecer políticas para transformar o ambiente alimentar e salvar vidas. Os “benchmarks” globais de sódio da OMS visam uma ampla gama de categorias de produtos alimentícios processados e embalados que contribuem significativamente para dietas excessivamente salgadas. Pão processado e embalado e produtos de carne e queijo estão entre as categorias com alto teor de sódio identificadas para os novos padrões globais.

O médico brasileiro Eduardo Nilson, do Ministério da Saúde, foi um dos especialistas ouvidos pela OMS. A entidade usou padrões brasileiros para recomendar uso máximo de sal em pelo menos duas categorias de produtos: biscoitos recheados, com o sal limitado a 265 mg por 100 gramas, e rocamboles, com 205 mg/100g.

Para a OMS, a redução do teor de sódio por meio da reformulação de alimentos industrializados é uma estratégia comprovada para reduzir a ingestão de sódio pela população, particularmente em locais onde o consumo de alimentos processados é alto.

A entidade exemplifica que no Reino Unido metas voluntárias dos fabricantes de alimentos para reformular produtos diminuíram a ingestão de sal entre adultos em cerca de 15% entre 2003 e 2011.

Os novos benchmarks estão sendo lançadas num ano decisivo para a política alimentar e nutricional, segundo a OMS. A Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas em setembro e a Cúpula de Nutrição para o Crescimento em dezembro reunirão uma ampla gama de interessados para melhorar a situação alimentar e assumir compromissos.

Primeiro, a reformulação de alimentos para reduzir as concentrações de sódio. Significa adotar metas padronizadas de níveis do ingrediente para as categorias de alimentos e bebidas que mais contribuem para a ingestão de sódio e implementá-las até 2025. Um conjunto global comum de metas será estabelecido por meio de um diálogo com a OMS.

A segunda expectativa diz respeito à rotulagem dos produtos: fornecer os dados de sódio na embalagem exigidos pelo Codex (todos os serviços e fabricantes de alimentos em todos países). Os serviços de alimentação e as cadeias de restaurantes também devem fornecer esses dados na loja, na embalagem ou on-line.

A entidade global diz estar em diálogo com a International Food and Beverage Alliance (IFBA), que representa cerca de 13% das vendas globais de alimentos embalados, sobre melhoria da qualidade nutricional dos produtos alimentícios e bebidas.

Em reunião em maio de 2019, as empresas se comprometeram com a OMS a não exceder 2 gramas de ácidos graxos trans produzidos industrialmente por 100g de óleos e gorduras em seus produtos em todo o mundo. A ideia é substituir o uso de gorduras trans por óleos e opções mais saudáveis.

As gorduras trans estão contidas em gorduras vegetais endurecidas - como margarina e ghee (conhecida como “manteiga clarificada”). Também estão frequentemente presentes em salgadinhos e frituras. Os fabricantes costumam usar esse tipo de ingrediente porque tem uma vida útil mais longa do que outras gorduras.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/05/06/oms-fixa-novos-padroes-para-reduzir-consumo-de-sal.ghtml




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