Pesquisa aponta que diabetes e obesidade crescem entre indígenas no Pará.

11.05.22


UOL, Agência Bori

As doenças crônicas, como a obesidade, diabetes tipo II e hipertensão, são multifatoriais e atingem boa parte da população brasileira. Estudo publicado na revista "Genetics and Molecular Biology" na quarta (11) identifica o surgimento dessas doenças crônicas também em grupos indígenas da região do Xingu e do polo de Marabá, sudoeste do Pará. Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontam para um processo inicial de mudanças metabólicas e nutricionais e dos padrões de doenças característicos dessas populações. 

O estudo de campo foi conduzido por uma equipe multiprofissional junto a aldeias de povos indígenas da região do rio Xingu, em Altamira, e na Terra Indígena Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, no Estado do Pará, entre 2007 e 2014.

Participaram do estudo 628 indígenas dos grupos Arara, Araweté, Asurini do Xingu, Parakanã, Xikrin do Bacajá e Gavião Kyikatêjê.

"A maioria dos exames para coleta dos dados foi feita na própria aldeia. Coletávamos amostras de sangue, após a autorização dos povos para realização da pesquisa, e a análise era feita ali mesmo, com equipamentos que eram levados pelas equipes.Os resultados eram dados aos indígenas no mesmo dia, junto das orientações e medicamentos para tratamento das doenças", explica o médico e cientista João Guerreiro, um dos autores do estudo.

Fora do campo, os pesquisadores realizaram apenas as análises genéticas. "As doenças infecciosas ainda são predominantes, mas pudemos perceber o aparecimento das doenças metabólicas crônicas nas etnias analisadas", explica Guerreiro.

A transição pode ser atribuída a predisposições genéticas dos indivíduos e a mudanças na alimentação. "Cada vez mais, observamos a inclusão de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e gordura, na dieta indígena, se assemelhando à dieta ocidental", aponta o autor.

Os pesquisadores também constataram que diversos genes descritos como fatores de risco para as doenças metabólicas na população europeia, africana e asiática não podem ser utilizados como referências para populações indígenas.

"Observamos que nem sempre é possível utilizar os dados europeus como referenciais para populações indígenas, pois estas possuem suas diferenças biológicas e suscetibilidade para doenças", explica João Guerreiro.

A pesquisa, que faz parte de um projeto piloto, auxilia na identificação do perfil genético dos indígenas. O objetivo é possibilitar, no futuro, uma medicina personalizada para essa população.

"A partir do nosso trabalho, ao identificarmos os genes da população indígena, podemos estender esses resultados para a população brasileira em geral, visto que é uma população miscigenada, possibilitando, cada vez mais, uma medicina personalizada", conclui o pesquisador.

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/05/11/pesquisa-aponta-que-diabetes-e-obesidade-crescem-entre-indigenas-no-para.htm




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