Relatório Luz, vídeo Mal de Ponta a Ponta, movimento Xô Coca e mais | Boletim 175

02.09.21


ACT Promoção da Saúde

 

 

Editorial

Quanto mais ficam mais evidentes os riscos que os cigarros eletrônicos causam à saúde, mais urgente a necessidade da indústria do tabaco ressarcir a sociedade pelos danos causados. A população brasileira também entende que as medidas de controle do tabagismo devem ser implementadas, assim como o uso da bem sucedida política para outros produtos, como o álcool e as bebidas adoçadas. Para nós, que atuamos pelo cumprimento das medidas previstas na Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, é um alento ter a confirmação de que estamos no caminho certo para proteger a população. Nos últimos dias, a FDA, agência americana que regula medicamentos e produtos alimentícios, proibiu três empresas de vender e fabricar cigarros aromatizados nos Estados Unidos. Elas não conseguiram demostrar que os benefícios do uso desses dispositivos superam os riscos que já são conhecidos. 

Aqui no Brasil, os fabricantes fazem pressão constante para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária libere os dispositivos eletrônicos para fumar. A propaganda e a comercialização são proibidas justamente porque nunca foi demonstrado com pesquisas sem conflito de interesses a segurança deles para a saúde. Uma nova pesquisa Datafolha/ACT mostrou que a demanda pelo uso desses produtos é pequena, ao contrário do que é alegado pelas fabricantes: apenas 0,22% das pessoas entrevistadas disseram fazer uso diários deles. Mesmo assim, eles tem sido vendidos em diversas formas, incluindo entrega em domicílio, conforme informamos na seção ACT Legal.

Quando falamos de tabagismo, estamos falando de mais de 50 doenças e cerca de 443 mortes por dia no Brasil, o equivalente a mais de 161 mil óbitos anuais ou 13% do total de mortes.  Por causa de tratamentos médicos e internações, o país gasta mais de R$ 50 bilhões anuais e, pela perda de produtividade no trabalho, são mais R$ 42 bilhões anuais, segundo estudo feito pelo Instituto Nacional de Câncer, Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Efectividad Clínica y Sanitária.  O mesmo estudo verificou que o setor paga R$ 13 bilhões em tributos. A conta não fecha. É sobre essa conta que só faz crescer e prejudicar o país como um todo de que trata nosso novo vídeo, que expõe os males do tabaco de ponta a ponta, da produção da folha ao descarte das guimbas.

Nesta edição, também trazemos à tona os dados chocantes do Relatório Luz 2021, desta vez com uma entrevista com a Artigo 19, uma das organizações que trabalhou na coleta de informações para o documento, que mostra a defasagem entre os objetivos contidos na Agenda 2030 para o Desensenvolvimento Sustentável e a realidade brasileira.

Em agosto, tivemos a alegria de poder fazer uma ação de rua, a primeira desde março do ano passado, com todo o cuidado por causa da Covid-19, para sensibilizar a população a respeito das doenças associadas ao consumo de bebidas adoçadas e chamar a atenção para o absurdo da venda do nome da estação  do metrô para a Coca-Cola. A manifestação, feita em uma das saídas da estação Botafogo, contou com um manifesto e uma petição online. Se você quiser algumas saber mais, acesse nosso Facebook ou Instagram.

 

Boa leitura,

Anna Monteiro | Diretora de Comunicação

 


 

Entrevista – Relatório Luz 

O Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030 no Brasil, lançado em julho, evidencia as crises sanitária, social, econômica e ambiental que vivemos, e que aumentam nossas imensas desigualdades. A perda de direitos sociais, econômicos e ambientais, arduamente construídos nas últimas décadas, fica patente nas 92 metas em retrocesso, que representam 54,4% do total, nas 27 estagnadas, ou 16%, e nas 21 ameaçadas, ou 12,4%. É possível observar que apenas 13 delas, ou 7,7%, têm algum progresso, embora insuficiente. Sobre 15, ou 8,9% do total, não há informação, o que, mais uma vez, marcou a produção deste documento. O chamado apagão de dados em curso é um fato que não consegue ocultar as enormes dificuldades enfrentadas pela população brasileira, principalmente pela maioria mais vulnerável.  

Conversamos com Yumna Ghani, Débora Lima e Raísa Cetra, da Artigo 19, organização envolvida na produção dos dados do Relatório Luz.

Em que áreas temos os retrocessos mais evidentes?

Estamos vivenciando um momento de ascensão de um projeto político-econômico autoritário, baseado numa lógica de desenvolvimento predatória e arcaica, que enfraquece os pilares de um regime democratico, como o direito à liberdade de expressão e de informação. São constantes os ataques a esses direitos e as instituições públicas. 

A pandemia de Covid-19 intensificou problemas socioambientais já presentes no contexto brasileiro. O arcabouço legal para a seguridade social e a preservação ambiental já vinham sendo enfraquecidas. A Emenda Constitucional 95/2016, por exemplo, ao impor um teto de gastos públicos por 20 anos em áreas sociais, afetou substancialmente os setores de educação, saúde e proteção social, que viram seus investimentos - que já eram aquém do necessário - diminuir. 

Vivemos um período de falta de dados e de transparência em estatísticas para traçar políticas públicas. O Censo foi adiado, o Vigitel não apresentou ainda os dados referentes a 2020. Há problemas reais na questão do enfrentamento da Covid-19 e da vacinação. Podemos considerar que a ameaça do apagão de dados se concretizou?

As tentativas de enfraquecimento da democracia brasileira perpassa pela deslegitimação de dados científicos e pelo não financiamento e produção de dados públicos. Assistimos também a um movimento constante de minar o acesso à informação de qualidade e a transparência desde o início do governo Bolsonaro, por meio de medidas provisórias e pela imposição de sigilo que não estão de acordo com a Lei de Acesso à Informação (LAI), em assuntos de interesse público. Um exemplo foi a Medida Provisória 928, publicada em março do ano passado, que suspendia os prazos de respostas a pedidos de informação e a suspensão do direito de enviar recurso em caso de negativa do pedido. A MP, que caiu após movimentação de diversos setores da sociedade civil.

Como apontado pelo Relatório Luz 2021, o atraso na publicação de dados, os cortes de verbas de órgãos que produzem dados e de universidades públicas, o constrangimentos público e retaliação de pesquisadores e pesquisadoras que trabalham com dados, o negacionismo e as fake news difundidos pelas redes sociais e por autoridades públicas ameaçam a tomada de decisões e avaliação, formulação e implementação de políticas públicas. 

Quais os principais pontos que podemos destacar em relação à saúde e às questões sobre pobreza, fome, alimentação?

O Relatório Luz 2021 atesta uma realidade que já temos visto há alguns anos, como o aumento da pobreza e da desigualdade aprofundando a fome e também fazendo retroceder questões relacionadas à saúde. Como mostrado nos relatórios  anteriores, esses retrocessos são resultado das escolhas econômicas dos últimos anos que colocam os mais pobres como principais atingidos pela crise econômica. O relatório atesta que hoje são ao menos 19 milhões de pessoas que vivenciaram situação de fome em 2020, aumentando em 28% o índice de pessoas que vivem em insegurança alimentar, em contrapartida dos 66 novos bilionários que surgiram no país no último ano, o  que demonstra um aprofundamento da extrema pobreza e o aumento da desigualdade. Além disso, o corte de gastos com a  saúde deixou mais de  150 milhões de pessoas que dependem exclusivamente do sistema de saúde pública, mais vulneráveis.

Ainda no âmbito da saúde, o Brasil enfrenta um momento muito difícil com relação à pandemia, muito disso causado pela postura negacionista e anticientífica do alto escalão do governo e do próprio presidente da república. Em relação ao orçamento do ministério da Saúde para o combate a Covid-19, o executivo deixou de gastar 23,3% dos recursos que foram destinados para o enfrentamento da pandemia. 

As metas relacionadas a esses quatro temas se encontram quase todas em retrocessos. São 28 metas que cobrem os temas nos ODS 1, 2 e 3 e 16 estão em retrocesso, enquanto outras 5 estão ameaçadas. 

Em relação às doenças crônicas não transmissíveis, como estão as metas de diminuir o consumo de cigarros e de álcool? E em relação à atividade física e à alimentação mais saudável, com menos ingestão de produtos ultraprocesados?

Com relação ao ODS 3 )Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades), que é composto por 13 metas, temos um cenário de piora com relação ao ano anterior, pois ainda havia metas em progresso satisfatório e, neste, quase metade delas estão em retrocesso. Com relação à meta que diz respeito às doenças crônicas não transmissíveis (3.4) constatou-se estagnação, principalmente devido à falta de dados atualizados do último ano, mas ainda assim traz dados preocupantes de 2019, onde as mortes por essas doenças correspondiam a 72% das mortes no Brasil. A pandemia também traz um grau a mais de preocupação a essa meta, uma vez que o isolamento pode aumentar o consumo de alimentos ultraprocessados, de bebidas alcoólicas e a falta de atividade física. 

Com relação à meta específica ao uso de substâncias nocivas como álcool e cigarro, vimos um aumento, mais uma vez, como resultado do isolamento social causado pela pandemia. O consumo regular de bebidas alcoólicas subiu 17,6% entre as pessoas de 30 e 39 anos e isso se soma a falta de qualquer política pública em favor da redução desse número. Já o número de fumante aumentou em 29% no último ano, durante a pandemia.  
 

 


 

Dia Nacional de Combate ao Fumo

O enorme custo que o tabaco gera para o bolso do consumidor e para os cofres públicos, enquanto as empresas continuam a lucrar mais, a ameaça que os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) representam para o controle do tabagismo e para a saúde das próximas gerações, além do encontro da epidemia do tabagismo e da Covid-19 foram os assuntos que tiveram destaques nas agendas do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto. 

Mesmo diante dos importantes avanços, o tabagismo continua matando 161 mil pessoas por ano no país. Com a Covid-19, os esforços pela conscientização sobre os danos sociais, de saúde, econômicos e ambientais causados pelo tabaco ficaram ainda mais urgentes.

A ACT Promoção da Saúde participou de duas audiências públicas na Câmara dos Deputados: na Comissão de Seguridade Social e Família, no dia 26, e na Comissão de Orçamento e Finanças, dia 27. A diretora-executiva da ACT, Mônica Andreis, reforçou a importância do apoio dos parlamentares para aprovar medidas tributárias que comprovadamente podem prevenir e controlar o tabagismo: instituir o imposto seletivo e elevar tributos para produtos de tabaco, aprovar a Cide-tabaco e a destinação dos valores para ressarcimento ao SUS.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) ainda aproveitou a data para lançar a campanha Parar de fumar é uma grande decisão, dizer não ao tabaco é a melhor escolha e também para destacar as ações de programa no âmbito da atenção primária à saúde e o tratamento no SUS  no cenário de pandemia. O Inca ainda lançou uma cartilha orientando profissionais de saúde sobre como abordar o paciente e como orientá-lo a parar de fumar. 

 

Mal de Ponta a Ponta

Ainda nas ações do Dia Nacional de Combate ao Fumo, a ACT lançou vídeo  informando a sociedade sobre o custo do tabagismo. O material, produzido pela Fábrica de Ideias, está disponível nas nossas mídias sociais e mostra como o cigarro causa prejuízo de ponta a ponta – desde o cultivo até o descarte, sem falar nos males à saúde. 

São mais de 50 doenças e cerca de 443 mortes por dia no Brasil, o equivale a mais de 161 mil mortes anuais, ou 13% do total de mortes.  Por causa de tratamentos médicos e internações, o país gasta mais de R$ 50 bilhões anuais, e pela perda de produtividade no trabalho, são mais R$ 42 bilhões anuais, segundo estudo feito pelo Instituto Nacional de Câncer, Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Efectividad Clínica y Sanitária.  O mesmo estudo verificou que o setor paga R$ 13 bilhões em tributos.

Em outras palavras, isso significa que a conta não fecha.  Em 2019 a Advocacia Geral da União entrou com uma ação, cobrando essa conta. É uma ação inédita de ressarcimento aos cofres públicos contra a Souza Cruz e a Philip Morris e suas controladoras. 

 

DataFolha: Apoio maciço a medidas de controle do tabagismo

Segundo pesquisa nacional do Instituto DataFolha, encomendada pela ACT, 68% dos entrevistados são a favor do aumento dos tributos de produtos de tabaco, entendendo que o cigarro mais caro incentiva o fumante a parar de fumar. O levantamento também aponta que 60% acreditam que a medida pode evitar que jovens comecem a fumar e mais de 70% concordam que as empresas fabricantes de cigarro devem ressarcir o SUS pelos custos gerados pelas doenças causadas pelos seus produtos.  

 

 

 

 

Cuidado, jovem! A indústria do tabaco quer te fisgar

Preocupada em manter e aumentar um bom número de consumidores, a indústria tem aprimorado estratégias para conquistar usuários das novas gerações. Afinal de contas, os mais jovens estão mais vulneráveis: a maioria dos usuários de tabaco começa a fumar antes dos 21 anos. 

De olho na saúde das gerações futuras, o grupo STOP, uma união global de vigilância da indústria do tabaco, lançou uma campanha de conscientização expondo as táticas enganosas do setor: a #ModernAddiction: Hooking the Next Generation (Vício moderno: fisgando a próxima geração). Os materiais para as redes sociais, disponíveis para compartilhamento, informam sobre o marketing predatório da indústria e as estratégias de manipulação para gerar uma nova era de dependência. É claro que tudo é negado por eles. Mas basta um olhar atento para desmascarar as estratégias. Nos Estados Unidos, por exemplo, 4,7 milhões de jovens usam tabaco.

A oferta de produtos novos e viciantes, como os cigarros eletrônicos e produtos de tabaco aquecido, são exemplos da tentativa de tornar o tabagismo mais atrativo. Desenhos elegantes, aromas e sabores que disfarçam a nicotina, lojas estilosas, influenciadores de mídias descolados e patrocínios de eventos esportivos compõem as estratégias preferidas para se aproximar deste público.

A ação soma-se à campanha lançada pela ACT Promoção da Saúde em maio, com o slogan Novos Produtos, Velhos Problemas, a segunda fase da campanha Vape Vicia. 

Não caia nessa! Mobilize-se também e alerte seus amigos e filhos. Use a hashtag #ModernAddiction e marque a @ExposeTobacco no Facebook ou Twitter e @ExposingTobacco no Instagram.

 

Perspectivas pós-pandemia: Agenda 2030 como norte

A pandemia da Covid-19 trouxe mais urgência aos esforços globais para a saúde, os direitos humanos e as mudanças climáticas. Pensando em caminhos para o que devemos fazer após a crise sanitária e humanitária, o assunto foi tema do Seminário Avançado do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, que ocorreu em agosto. Os pesquisadores discutiram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em níveis global, regional e nacional e também trouxeram críticas e alternativas para a implementação da Agenda 2030 das Nações Unidas. A diretora-executiva da ACT, Mônica Andreis, apresentou os dados do último Relatório Luz, salientando que o Brasil está estagnado ou em retrocesso na maioria das metas estabelecidas. Para ela, não é apenas um problema de falta de recursos, mas sim de escolha de prioridades. 

 

Diálogos capitais: o que esperar do "novo normal" e a saúde no Brasil

Com patrocínio da ACT Promoção da Saúde, a Carta Capital reuniu 16 especialistas em diversas áreas da saúde durante o mês de agosto para discutir, em cinco encontros, as principais lições dos trágicos 18 meses de pandemia da Covid-19 no Brasil. A diretora geral da ACT, Paula Johns, esteve ao lado da infectologista Margareth Dalcomo, do infectologista Esper Kallás e do sanitarista José Temporão, para tentar responder à pergunta: o que esperar do "novo normal". O webinar Diálogos Capitais: Webinar Saúde teve apoio da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). 

 

 

 

Atlas do Câncer de Pulmão aponta que maioria tem diagnóstico tardio

O Observatório de Oncologia, idealizado pelo movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), publicou um mapeamento do câncer de pulmão, o quarto tipo mais comum da doença e principal causa de mortalidade por neoplasias no Brasil.  Entre os principais achados, o atlas aponta que a maioria foi diagnosticada com idade entre 50 e 79 anos (80%), o que indica a relação inversa entre o surgimento da doença, cuja causa de 85% dos casos é o tabagismo, e a idade de iniciação ao consumo de tabaco, geralmente antes dos 21 anos. A faixa etária mais atingida pela doença (34%) é dos 60 a 69 anos. A maioria (86%) dos pacientes teve diagnóstico já em estágio avançado do câncer. 

 

 

 

Receitas Sem Nestlé

Um livro de receitas que é uma resposta, um manifesto, uma construção coletiva e uma esperança de que a cozinha,  a alimentação e o mundo podem ser diferentes. Essa é proposta do livro Receitas Sem Nestlé, que O Joio e O Trigo acabam de lançar.

Tudo começou com o episódio A Moça da Lata, do podcast Prato Cheio, que mostra uma história pouco conhecida, de como  a Nestlé se dedicou a alterar receitas tradicionais brasileiras para garantir que seus produtos se tornem onipresentes, a partir dos anos 1940. A partir dos anos 60 e 70, a empresa surfou na onda dos movimentos que cobravam igualdade de gênero e se apresentou como mediadora e amiga, um amparo diante das aflições que atingiam mulheres que tinham de lidar com a sobrecarga de trabalho externo e tarefas domésticas. 

 

Xô, Coca!

Mais de 30 organizações e grupos de pesquisa, e quase 700 pessoas já assinaram o manifesto contra a venda do nome da estação de metrô Botafogo para a Coca-Cola, no Rio de Janeiro. É o primeiro caso, no Brasil, de venda do nome de um espaço público - uma estação de metrô - para a iniciativa privada, uma corporação milionária que lucra com a venda de refrigerantes e outras bebidas açucaradas, produtos associados à doenças graves como hipertensão, diabetes tipo 2, doenças renais, osteomusculares e até câncer. 

A ACT Promoção da Saúde realizou uma ação de sensibilização do público a respeito das doenças associadas ao consumo de bebidas adoçadas em frente a uma das saídas do metrô, em Botafogo, no Rio de Janeiro, em 10 de agosto, com todo o cuidado possível pensando no contexto da pandemia e risco de transmissão da Covid-19.


“É preciso que a Agetransp e o Ministério Público atuem para impedir que os valores do mercado se apropriem do espaço público, no caso, do nome de uma estação de metrô. Precisamos estabelecer os limites morais do mercado”, afirma um trecho do manifesto. “Há coisas que não devem estar à venda. Não podemos permitir que o patrimônio histórico e cultural das cidades brasileiras seja capturado pelos interesses privados das grandes indústrias e corporações”.

 

Quem quer prevenir a obesidade infantil, levanta a mão

A nova campanha do Instituto Desiderata e do Núcleo do Rio de Janeiro da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, Quem quer prevenir a obesidade infantil, levanta a mão, convida a população do Rio a apoiar a aprovação do PL1662/2019, que propõe medidas para conter o crescimento da obesidade infantil no município do Rio de Janeiro.  

O projeto de lei, aprovado em primeira votação e segue em discussão,  prevê a proibição da oferta de ultraprocessados em todas as escolas da cidade, a regulamentação da altura das prateleiras que armazenam esse tipo de produto nos mercados e a criação de salas de coletas de leite materno nas empresas.

 

 

 

Refrigerantes para bebês? Não!

A alimentação das crianças menores de dois anos pode – e deve - melhorar. É o que indicam dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 - Ciclos de Vida, divulgada semana passada pelo IBGE. Mais de 11% das crianças com menos de dois anos de idade bebiam refrigerante, e 16,29%, sucos industrializados. De acordo com as recomendações do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de dois anos, alimentos com açúcar e produtos ultraprocessados não devem ser oferecidos às crianças dessa faixa etária.

A pesquisa mostrou ainda que cerca de 25% das crianças menores de dois anos comiam doces, balas ou outros alimentos com açúcar, e 57,8%, comiam biscoitos, bolachas ou bolo.  A respeito do aleitamento materno, a pesquisa estimou que 27,8% dos bebês de até seis meses de vida foram alimentados exclusivamente com leite materno, como recomenda o Ministério da Saúde. 

 

 

Juntos(as) contra as DCNTs

Em prol da ampliação do acesso dos pacientes com câncer aos tratamentos adequados em todo o país, a ACT promove no dia 23 debate "Agentes da mudança: como acelerar o progresso em saúde e controle do câncer e demais DCNTs". O painel faz parte da programação do 8o Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, que acontece entre 20 e 24 de setembro, iniciativa da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. 

O evento também compõe a 4ª Semana Global para Ação contra as DCNT, realizada pela NCD Alliance, aliança global de várias organizações, com o objetivo é frear as mortes e doenças evitáveis e aumentar a saúde e equidade em todo o mundo. A campanha deste ano está concentrada entre 6 e 12 setembro e celebra o potencial e o poder das comunidades para co-criar sociedades mais saudáveis. A ACT é parte da #ActOnNCDs.

 

 

ACT Legal

 

MP determina retirada de anúncios de tabaco do Mercado Livre e B2W

Maria Paula Russo Riva

 

A ACT comemora recente decisão de órgão superior do Ministério Público sobre a venda ilegal de produtos fumígenos, derivados ou não do tabaco, incluindo os novos dispositivos eletrônicos para fumar, em sites de marketplace como o Mercado Livre e a B2W (proprietária das lojas Americanas.com, Shoptime e Submarino). 

Após as empresas terem firmado acordo com a promotoria, os autos foram remetidos ao Conselho Superior do Ministério Público para validar o pedido de arquivamento. O órgão indeferiu o pedido de arquivamento feito em 1º grau, pois entendeu que os termos do acordo eram insuficientes. Segundo o CSMP, essas empresas têm o dever de proativamente assegurar o controle ativo da publicidade em suas plataformas e garantir o cumprimento das normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária que vedam a realização de publicidade de produtos fumígenos pela internet, e não somente retirar conteúdo do ar quando forem provocados. É importante destacar que a venda online facilita o acesso desses produtos por crianças e adolescentes.

O Ministério Público de São Paulo analisa outras denúncias nesse mesmo sentido apresentadas pela ACT em face de plataformas de delivery como Rappi, James e Ifood, com base nos achados do relatório Dependência à pronta entrega. Embora se tratem de aplicativos de entrega, são também plataformas de comércio eletrônico assim como o Mercado Livre e a B2W, de modo que o dever de impedir conteúdos ilegais também se aplica.

 


 

Notícias

O gosto amargo do açúcar: o aumento de impostos das bebidas açucaradas

Veja Rio, 24/8/21 


Desde que o ser humano não precisou mais sair à caça de alimentos, nosso corpo é forçado a passar por processos adaptativos. O advento do fogo nos possibilitou cozinhar e diversos processos de estocagem – da salmoura à geladeira – nos livraram da obrigatoriedade de buscar o que comer todo dia. Mas eis que em pleno século 21, quando todas as facilidades estão à mão, não é difícil afirmar que a humanidade nunca se alimentou tão mal. Se há uma corrente cada vez mais forte a favor de alimentos saudáveis, ela é uma espécie de reação ao excesso de carne vermelha, sódio, gorduras e açúcares consumidos diariamente. 

 

Alta no preço dos alimentos é consequência do agronegócio, diz porta-voz do Greenpeace

Brasil de Fato, 24/8/21 

Diante da alta do preço dos alimentos no país, o consumo e a comercialização de produtos provenientes da agroecologia apontam para um caminho diferente de insegurança alimentar e nutricional, segundo Adriana Charoux, coordenadora da campanha “Agroecologia contra a Fome”, do Greenpeace Brasil, que distribui alimentos saudáveis para populações em situação de vulnerabilidade social.

 

Maioria dos brasileiros é favorável a uma maior tributação do cigarro

Folha de São Paulo , 26/8/21 

A maioria da população (68%) é favorável ao aumento dos tributos de produtos de tabaco como forma de incentivar o fumante a parar de fumar. Grande parte dos brasileiros (71,5%) também defende que as empresas fabricantes e cigarro devam ressarcir o SUS pelos custos das doenças relacionadas ao tabagismo.

 

Mesmo proibido no país, cigarro eletrônico é comprado até por delivery

Folha de S. Paulo, 28/8/21 

A biomédica Patrícia de Oliveira, 28, lembra-se bem do mês e do ano: outubro de 2017. Foi quando experimentou pela primeira vez um cigarro com sabor de fruta, em uma balada com os amigos. No início, só fumava nos fins de semana, mas logo o hábito se estendeu também para os outros dias. À época, foi apresentada aos cigarros eletrônicos por amigos que traziam os dispositivos de Miami (EUA). “Como não deixava cheiro e diziam que ele iria ajudar no vício, eu achei perfeito”, lembra.

 


 

Boletim ACT 175

Diretoria: Paula Johns (Diretora Geral), Mônica Andreis (Diretora Executiva), Anna Monteiro (Diretora de Comunicação), Daniela Guedes (Diretora de Campanhas e Mobilização), Fabiana Fregona (Diretora Financeira), Adriana Carvalho (Diretora Jurídica)

Editoração: Anna Monteiro

Redação: Anna Monteiro, Rosa Mattos, Emily Azarias

ACT Legal: Maria Paula Russo Riva

Mídias sociais: Victória Rabetim

Produção gráfica: Ronieri Gomes




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